sábado, 6 de julho de 2013

In Memoriam Professora D. Arlette Mourão Cardoso (Rio de Janeiro, 11.Abr.1921 – Lisboa, 25.Jun.2013)

Arlette Mourão Cardoso foi uma distinta Professora do Ensino Primário Oficial. Dedicou toda uma vida ao Ensino, tendo leccionado várias gerações de alunos, antes de assumir a docência de futuros professores.

Nasceu no Rio de Janeiro – os seus Pais, Emília Mourão Cardoso e Manoel Cardoso, haviam emigrado para o Brasil no primeiro quartel do século passado – mas pouco tempo depois regressou a Portugal com a família, que se fixou na aldeia de Cem-Soldos, perto da cidade de Tomar. Ficou órfã de pai perto do primeiro ano de idade.
Frequentou o Colégio D. Nuno Álvares (Tomar), onde concluiu a Escola Primária e o Ensino Secundário, tendo realizado os respectivos exames nacionais no Liceu Sá da Bandeira (Santarém).
Foi diplomada, em 1942, pelo Júri de Exame de Estado para o magistério primário na Escola do Magistério Primário de Santarém (classificação: 17 valores), e concluiu as disciplinas de Pedagogia, História da Educação e Higiene Escolar, do Curso de Ciências Pedagógicas, na Universidade de Coimbra.
Em 1947 casou com Carlos Artur Gonsalves Mourão, também ele Professor, tendo sido mãe de sete filhos. Apenas com o rendimento do seu trabalho como professores, o casal Mourão conseguiu proporcionar uma educação de nível superior aos seus filhos, que hoje são profissionais altamente qualificados. Da descendência fazem ainda parte dezoito netos e nove bisnetos.
* * *
No passado dia 11 de Abril, a D. Arlette completou 92 anos, tendo sido muitas as felicitações que recebeu pelo seu aniversário. Decidiu então enviar a todos, via email, a seguinte mensagem:

Não se pode agradecer tanto amor e dedicação. Mesmo se eu conseguisse chorar um agradecimento sentido, não compensava a ternura de todos vocês.
Fica este agradecimento para quando eu fechar os olhos e já não puder falar.
Obrigada pelo último beijinho.

Elas hoje querem rimar
Mas eu estou com pouca intenção
de abrir assim a toda a gente
(e principalmente aos netos)
o que vai no meu coração.

Eu não abro mais coisa nenhuma porque tenho medo que saiam os Lusíadas e o Camões fica desgraçado para o resto da vida.
E perante esta loucura moderna dos computadores, eu só quero dizer que tenho muitas saudades das fraldas que punha aos meus filhos e netos. 

Até sempre
Arlette


Nota pessoal
A D. Arlette foi nossa vizinha de prédio durante cerca de 40 anos. Quando nos encontrávamos, tinha sempre um gesto de simpatia, uma palavra de carinho, uma manifestação de alegria de viver. Até ao fim, manteve uma grande lucidez e conservou um enorme sentido de humor (como o prova a mensagem acima). A sua benção, Senhora D. Arlette!
  
Obs. - O presente post foi elaborado com base em informação gentilmente cedida a meu pedido por familiares da homenageada: Isabel Mourão (filha) e Paula Mourão (neta). 

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