quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Escândalo num concurso para Professor Catedrático de Geologia na Universidade de Lisboa, sendo reitor António Sampaio da Nóvoa


Preâmbulo
No passado dia 27 de Novembro, em Coimbra, o físico Carlos Fiolhais, na sua qualidade de Presidente da Comissão de Honra Distrital da Candidatura de António Sampaio da Nóvoa a Presidente da República, proferiu um discurso num jantar-comício Em favor de António Sampaio da Nóvoa durante o qual disse o seguinte: “Sampaio da Nóvoa como Reitor da Universidade de Lisboa, uma universidade que ele reformou a partir de dentro (…), colocou à cabeça a ciência”.
Duvido que António Sampaio da Nóvoa tenha reformado a Universidade de Lisboa, e mais ainda que o tenha feito colocando “à cabeça a ciência”... Se assim fosse, seria incompreensível a injustiça clamorosa que foi praticada em 2011-2012 num concurso de que foi presidente do Júri.
O escândalo a que me refiro teve lugar na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FC/UL), em 2011, aquando de um concurso para Professor Catedrático do Departamento de Geologia. A tramóia consistiu na reprovação em “mérito absoluto” de Fernando Ornelas Marques, que é um dos geólogos mais notáveis da actualidade no panorama nacional, com “projecção na comunidade científica internacional “(ver CurriculumVitae). 
Já denunciei a injustiça neste blogue. Escândalo num concurso universitário, postado em Maio de 2012, teve até hoje 1216 visualizações.
Por que motivo volto agora a este assunto? Porque Sampaio da Nóvoa decidiu candidatar-se à Presidência da República. Entendi que era meu dever contribuir também (a par de outros) para o escrutínio desta candidatura: é importante saber “que decisões tomou [Sampaio da Nóvoa], grandes ou pequenas, na medida em que elas contribuam para traçar o perfil de quem se propõe ocupar o cargo mais elevado da nação.” (João Miguel Tavares, PÚBLICO – 02.Jul.2015).
Voltei ao assunto, mas segundo uma abordagem diferente da que tinha adoptado anteriormente. Primeiro, procurei descobrir o facto incontestável que ditou a expulsão do concurso de Fernando Ornelas Marques e, depois, procedi à análise de três aspectos complementares associados à marosca.
NOTA: Neste post estão reunidos 4 textos publicados anteriormente em separado.

1. À procura da marosca
1.1 Introdução
Volto hoje a referir-me ao caso da clamorosa injustiça de que foi vítima Fernando Ornelas Marques num concurso para Professor Catedrático da FC/UL (Geologia), caso que tem sido objecto de vários posts neste blogue, desde 2012, sob a designação genérica de “Escândalo num concurso universitário”.
Num post anterior concluí que a responsabilidade última pela injustiça foi de Sampaio da Nóvoa, por ser o reitor da Universidade de Lisboa e o presidente do Júri à data dos factos, ao homologar a decisão crucial do júri – reprovação de Fernando Ornelas Marques em mérito absoluto. 
Entretanto, alguém meu conhecido pronunciou-se sobre o assunto em termos judiciosos: «Se formalmente não foi cometido nenhum atropelo às leis e regulamentos, ele [Sampaio da Nóvoa] tinha de homologar.» Esta afirmação fez-me pensar de novo no caso, mas desta vez segundo uma perspectiva completamente diferente.
1.2 A nova abordagem
Admitindo a hipótese de que Sampaio da Nóvoa não detectou qualquer “atropelo às leis e regulamentos”, e que foi de boa-fé que homologou a decisão do júri, fui levado a rever a situação ab initio, na convicção de que terá havido algures uma marosca montada por alguém! O resultado a que o júri chegou é demasiado abstruso para não estar viciado. Numa investigação destas convém estar sempre de pé atrás, porque uma pessoa inteligente, quando pensa numa tramóia, arquitecta logo a maneira de a camuflar para proteger a retaguarda.
Ora, sem dúvida, o início da maquinação nasceu no segredo dos gabinetes do Departamento de Geologia da Universidade de Lisboa quando começou a preparação da abertura do concurso, que envolve o momento do lançamento, a escolha do júri, as áreas científicas a contemplar, etc. Feita esta preparação, foi elaborado o Edital a submeter a Sampaio da Nóvoa. A partir do momento em que foi obtida a assinatura do reitor, ficou assegurada a sua vinculação ao processo!
1.3 A marosca numa única palavra!
Revendo o Edital assinado em 02.Agosto e publicado em Diário da República em 24.Agosto.2011, lê-se o seguinte logo no início: «Doutor António Sampaio da Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa: Faz saber que […] se encontra aberto concurso para recrutamento de um posto de trabalho de Professor Catedrático, do Departamento de Geologia, na área científica de Geologia, especialidade de Geodinâmica Externa […].»
A sequência que o processo teve posteriormente evidencia claramente que a marosca está (simplesmente!) na inclusão da palavra EXTERNA… A palavra está no Edital, mas não deveria estar, porque vai contra o Regulamento de Concursos na Universidade de Lisboa (Nota 1) que estipula o seguinte: “A especificação da área ou áreas disciplinares não deve ser feita de forma restritiva, que estreite de forma inadequada o universo dos candidatos.”. Se esta orientação tivesse sido seguida, o concurso deveria ter sido aberto na especialidade de Geodinâmica e não de Geodinâmica Externa. Não foi o caso e isso teve as consequências previstas por quem engendrou o embuste…
1.4 Conclusão
O relatório do Júri sobre a decisão tomada na fase de avaliação em mérito absoluto dos candidatos revela que o Júri se entreteve numa espécie de dialéctica para chegar à conclusão antecipadamente pretendida por quem montou a armadilha. Sem entrar em pormenores, onde aliás sobressaem falsidades, no essencial o relatório do júri diz o seguinte: Por um lado, “Conceição Freitas tem um curriculum rico e largamente centrado na Geodinâmica EXTERNA; por outro lado, Fernando Ornelas Marques também é detentor de curriculum valioso, mas orientado para temas de Geodinâmica INTERNA”. 
A falácia está aqui em todo o seu esplendor! A inclusão da palavra “EXTERNA” no Edital tinha cumprido a sua “missão” ao criar as condições para fazer surgir a dicotomia decisória... Só faltou dizer que Fernando Ornelas Marques se enganou na porta do concurso onde entrou. Mas, como concorreu, então o júri não teve outro caminho a seguir, hélas!, que não o da reprovação em mérito absoluto…
Foi isto que aconteceu. Com a subtileza de a marosca não ter deixado um rasto grosseiro de “atropelo às leis e regulamentos”… Bastou apanhar o reitor a jeito, ou demasiado confiante, no acto da assinatura do Edital, para o vincular à injustiça que vitimou Fernando Ornelas Marques. Foi só mais uma traiçãozinha entre universitários, nos jogos de influências em que os fins justificam os meios.

2. Especialista em Geodinâmica precisa-se!
No que precede, cheguei a uma conclusão mais do que verosímil sobre a trama subjacente ao caso da injustiça em apreço, mas sempre me pareceu que havia “pontas da meada” a carecerem de análise. Uma dessas pontas diz respeito à constituição do júri do concurso, tema que será abordado seguidamente. 
Segundo o Regulamento dos Concursos na Universidade de Lisboa, os membros do júri “são todos pertencentes à área ou áreas disciplinares” para que é aberto o concurso. Não foi isso que aconteceu, porque nenhum membro do júri pertencia à especialidade de Geodinâmica.
O presidente do júri era António Sampaio da Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, que se fez representar pelo vice-reitor António Vasconcelos Tavares, docente da Faculdade de Medicina Dentária (!). Foram vogais do Júri: 1. Cristino Dabrio Gonzalez, professor catedrático da Faculdade de Ciências Geológicas da Universidade Complutense de Madrid, pertencente ao Departamento de Estratigrafia; 2. João José Cardoso Pais, professor catedrático do Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, especialista em Estratigrafia, Paleontologia, Cartografia geológica; 3. Fernando Joaquim Tavares Rocha, professor catedrático do Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro, cuja área de investigação é Argilas e Minerais Industriais; 4. António Manuel Nunes Mateus, professor catedrático do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, cuja área científica é Metalogenia, Mineralogia e Geoquímica; 5. César Freire de Andrade, professor catedrático do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, cuja área científica é Geologia costeira (à data dos factos, este professor desempenhava as funções de Presidente do Departamento de Geologia da FC/UL).
Que se poderá dizer deste júri designado para apreciar o mérito dos candidatos a um concurso para Professor Catedrático na FC/UL (Geologia, Geodinâmica)? Que era inapto para a função? Que não tinha a competência requerida? Como vimos acima, o Regulamento dos Concursos estipula que todos os membros do júri devem pertencer à área ou áreas disciplinares para que é aberto o concurso. Ora, entre os membros não se reconhece nenhum que seja especialista em Geodinâmica.
Por que razão se verificou esta anomalia? Segundo o citado Regulamento, podiam integrar o júri “especialistas de reconhecido mérito, nacionais ou estrangeiros, de instituições públicas ou privadas, tendo em consideração a sua qualificação académica e a sua especial competência no domínio em causa”. Ocorre perguntar: Não haverá especialistas em Geodinâmica em Portugal?! Não havendo, por que motivo não foi convidado um especialista estrangeiro para fazer parte do júri? Não era difícil encontrar um especialista com o perfil adequado, assim tivesse havido vontade de o integrar no Júri. Por exemplo, poderia ter sido escolhido um de entre os seguintes professores e investigadores de Universidades prestigiadas e autores de livros conceituados a nível internacional: Jean-Pierre Burg, Taras Gerya ou Paul Tackley (ETH-Zurich); Peter Cobbold (Universidade de Rennes–1); Yury Podladchikov (Universidade de Lausanne); Raymond Fletcher (Universidade da Pensilvânia, USA); Giorgio Ranalli (Carleton University, Canadá).
Feita esta reflexão, fica a sensação desagradável e inquietante de que também o júri foi escolhido a dedo, de acordo com o objectivo final da marosca: a “expulsão” de Fernando Ornelas Marques do concurso!

3. Nas férias de Verão é que é bom!
3.1 Introdução
Falámos acima da bizarra constituição do júri e do facto anómalo de não ter participado no Júri nenhum especialista em Geodinâmica. Abordaremos seguidamente a questão respeitante à data de lançamento do Edital de abertura do concurso, e suas implicações, sob a responsabilidade do reitor da Universidade de Lisboa, António Sampaio da Nóvoa.
3.2 As datas
O Edital (ver Nota 2) foi assinado pelo reitor da Universidade de Lisboa em 02 de Agosto de 2011, tendo sido publicado no Diário da República em 24 de Agosto. A partir desta data, os potenciais opositores ao concurso tinham o “prazo de trinta dias úteis” para apresentar as suas candidaturas. Consultando o calendário de 2011, constata-se que os candidatos podiam concorrer até 30 de Setembro.
3.3 Perguntas e Respostas
O “prazo de validade” proporcionado aos potenciais opositores ao concurso – entre 25 de Agosto e 30 de Setembro – decorreu em boa parte no período que se pode considerar de férias de Verão! Ora este facto levanta uma série de questões e, já se sabe, as perguntas são como as cerejas… vêm umas agarradas às outras!
Esta situação constituiu algum “atropelo às leis e regulamentos”? Não.
Não sendo ilegal, foi razoável ou desejável? Não.
Porquê? Porque restringiu objectivamente o universo dos candidatos, tal como o “afunilamento” da área científica da especialidade já o fizera antes.
Terá havido a intenção de reduzir o número de candidatos? Tudo indica que sim.
A quem poderia interessar esta marcação de datas? Interessava sobretudo a quem era “próximo” da direcção do Departamento de Geologia, por razões óbvias: estando bem informado sobre o lançamento do concurso, o interessado podia preparar o dossier de candidatura com tempo, porventura antecipadamente.
A quem poderia prejudicar esta marcação de datas? A todos os demais potenciais concorrentes, nacionais e estrageiros, por razões as mais diversas.
Esta marcação de datas prejudicou o concurso? Sim, prejudicou.
Prejudicou porquê? Precisamente porque restringiu o número de candidatos e, por isso, impediu que houvesse uma verdadeira selecção no sentido de poder escolher “o melhor” para a Universidade.
Afinal, quantos opositores se candidataram? Dois apenas, o que é anormal, porque os lugares de professor catedrático são muito apetecidos, tanto a nível nacional como internacional.
Os opositores eram externos ou internos à Universidade de Lisboa? Os candidatos eram ambos internos, pertencentes sintomaticamente ao Departamento de Geologia; concretamente concorreram a candidata Maria da Conceição Freitas e o candidato Fernando Ornelas Marques (este candidato estava nos Estados Unidos em serviço, e quase não teve oportunidade de concorrer; só o fez porque uma pessoa amiga o alertou à última hora...).
Uma vez admitidos a concurso, os candidatos estariam em pé de igualdade perante o júri? Afigura-se que a resposta é negativa, porque o curriculum vitae de Maria da Conceição Freitas evidencia que grande parte dos seus trabalhos tem como co-autor César Freire de Andrade, que foi membro do júri e era o presidente do Departamento de Geologia, situação que indicia manifestamente uma relação de cumplicidade entre ambos (ver Nota 3).
3.4 Conclusão
O concurso decorreu em parte nas férias de Verão de 2011 – entre 25 de Agosto e 30 de Setembro. Isto restringiu a dois (2) o número de candidatos internos, impedindo que houvesse um processo de selecção digno desse nome.
Segundo o Edital, o concurso era suposto ter uma ampla divulgação externa (Bolsa de Emprego Público, sites da FCT e da UL, jornal de expressão nacional), mas, curiosamente, não foi divulgado no próprio Departamento de Geologia!
A relação de proximidade profissional entre a candidata Maria da Conceição Freitas e o professor catedrático César Freire de Andrade configura um conflito de interesses que não favorece, antes prejudica, uma tomada de decisão isenta por parte do júri.
Finalmente: Por que razão o reitor da Universidade de Lisboa, Sampaio da Nóvoa, assinou o Edital de abertura do concurso em 02 de Agosto? Não teria ele a noção exacta do que poderia acontecer, em especial no tocante à redução do universo de candidatos? Qual foi a pressa que impediu que o processo fosse adiado para princípio de Outubro (por exemplo)? Face ao que se passou, é difícil não admitir que a marosca fosse do conhecimento de Sampaio da Nóvoa.
Esta reflexão leva a pensar nas palavras da historiadora M. Fátima Bonifácio (PÚBLICO, 22.Maio.2015): «[…] a universidade é um meio humano como qualquer outro: com invejas, raivas, disputas, competições e por aí fora, como na política. E, tal como na política, não se chega a reitor sem muito jogo de cintura. Nóvoa não é puro e virginal.»

4. Afinal, para que serviu o concurso?
4.1 Introdução
Puxámos acima por duas das pontas da meada subjacente ao conluio de que foi vítima Fernando Ornelas Marques num concurso para professor catedrático da FC/UL nas áreas de Geologia / Geodinâmica. Relembrámos: (a) o facto anómalo de no júri do concurso não ter participado nenhum especialista em Geodinâmica e (b) a ideia suspeita de abrir o concurso num período coincidente com as férias de Verão de 2011.
Abordaremos em seguida uma questão que diz respeito a um paradoxo insanável: a decisão do júri não produziu o efeito para o qual foi aberto o concurso… e ninguém se preocupou com o desconchavo!
4.2 Orientações do reitor da UL
Segundo a orientação do reitor Sampaio da Nóvoa, e por exigência do Orçamento do Estado, a razão para abrir um concurso para recrutar um Professor Catedrático deve ser a “existência de relevante interesse público no recrutamento, ponderada a eventual carência dos recursos humanos no sector de actividade a que se destina o recrutamento”. Em complemento, segundo o Edital 832/2011 pretendia-se com o concurso em causa proceder ao “recrutamento de um posto de trabalho de Professor Catedrático, do Departamento de Geologia, na área científica de Geologia, especialidade de Geodinâmica Externa”.
4.3 Decisão do júri
Qual foi a decisão do júri? O júri decidiu eliminar do concurso Fernando Ornelas Marques na fase de avaliação em “mérito absoluto”, como se este candidato não fosse um dos geólogos mais distintos da actualidade no panorama nacional e com “grande projecção na comunidade científica internacional” (afirmação que me foi feita directamente, em 2012, por um professor catedrático jubilado de Geologia da FCUL). Em consequência desta decisão, ficou em concurso apenas a candidata restante, Maria da Conceição Freitas, que (obviamente) “mereceu” a aprovação do júri.
4.4 Paradoxo
É aqui que surge a 1.ª parte do paradoxo. A “área científica” de Maria da Conceição Freitas é Geologia do litoral, o que, salvo melhor opinião, nada tem a ver com Geodinâmica, portanto não se enquadra na especialidade para que foi aberto o concurso – seja a Geodinâmica Externa ou Interna, pouco importa (ver Nota 4).
Assim, o resultado do concurso leva a que uma especialista em Geologia do litoral possa ocupar um lugar de professor catedrático de Geodinâmica, para cuja cátedra não tem bagagem nem futuro…
Aqui começa a 2.ª parte do paradoxo. A “área científica” do professor catedrático César Freire de Andrade (que foi membro do júri e era presidente do Departamento de Geologia) é Geologia costeira), ou seja, é coincidente com a área da candidata Maria da Conceição Freitas.  
Assim, o Departamento de Geologia passou a ter dois professores catedráticos na mesma área (Geologia costeira ou Geologia do litoral) e zero professores catedráticos em Geodinâmica, que era a área onde se fazia sentir a carência de recursos humanos que levou o reitor Sampaio da Nóvoa a autorizar a abertura do concurso!
4.5 Conclusão
Todo o processo acabou por evidenciar uma incongruência reveladora do modo como funciona o “sistema”. Esquematicamente, é assim: um concurso é aberto na FCUL para preencher 1 (um) lugar de professor catedrático na especialidade X (Geodinâmica), mas, em resultado da decisão do júri, o Departamento de Geologia passa a ter 2 (dois) professores catedráticos na especialidade Y (Geologia Costeira) e 0 (nenhum) professor catedrático na especialidade X (Geodinâmica) para que foi aberto o concurso…
Como é isto possível?! Ninguém cuida de cotejar o objectivo a atingir com o resultado obtido?!

Daí a pergunta final: Para que serviu o concurso? Eu sei a resposta, mas não a revelo.
Não me conformo com a falta de vergonha, mas já perdi a inocência.
Um dia, talvez venha a escrever uma história sobre as várias maneiras como um mestre pode levar uma alpinista a atingir o cume…

NOTAS

NOTA 1 – Despacho da Reitoria da UL n.º 14488/2010, publicado no Diário da República, 2.ª série –N.º 181 – de 16.Setembro.2010

NOTA 2 – Edital da Reitoria da UL n.º 832/2011 publicado no Diário da República, 2.ª série — N.º 162 — em 24 de Agosto.

NOTA 3 – Publicações de César Freire de Andrade
                     em co-autoria com Maria da Conceição Freitas:
> Cunha, P., Buylaert, J., Murray, A., Andrade, C. Freitas, M.C., Fatela, F., Munhá, J., Martins, A. & Sugisaki, S. (2010) - Optical dating of clastic deposits generated by an extreme marine coastal flood: the 1755 tsunami deposits in the Algarve (Portugal). Quaternary Geochronology, 5 (2,3), pp. 329-335. doi:10.1016/j.quageo.2009.09.004
> Alaoui, A.M., Choura, M.;, Maanan, M., Zourarah, B.,  Robin, M., Freitas; M.C., Andrade, C., Mehdi, K. & Carruesco, C. (2010) - Metal fluxes to the sediments of the Moulay Bousselham lagoon, Morocco. Environment Earth Sciences, 61, pp. 275–286. DOI 10.1007/s12665-009-0341-9
> Costa, P. J. M.; Andrade, C.; Freitas, M. C.; Oliveira, M.A.; da Silva, C.M.; Omira, R.; Taborda, R.; Baptista, M. A. & Dawson, A. G. (2011) - Boulder deposition during major tsunami events, Earth Surface Processes and Landforms, 36, pp. 2054–2068. DOI: 10.1002/esp.2228
> Oliveira, M. A., Andrade, C., Freitas, M.C., Costa, P., Taborda, R., Janardo, C. and Neves, R., (2011) - Transport of large boulders quarried from shore platforms of the Portuguese west coast. Journal of Coastal Research SI 64(2), pp. 1871-1875
> Pires, A.R., Freitas, M.C., Andrade, C., Taborda, R., Ramos, R., Pacheco, A., Ferreira, Ó., Bezerra, M. & Cruces, A. (2011) - Morphodynamics of an ephemeral tidal inlet during a life cycle (Santo André Lagoon, SW Portugal). Journal of Coastal Research, SI 64, Vol. II, pp. 1565-1569
> Ramos, R., Freitas, M.C., Bristow, C., Andrade, C., Hermozilha, H., Grangeia, C. & Senos Matias, M. (2011) - Sedimentary architecture of the Santo André transverse dunes (Portugal) interpreted from ground-penetrating radar. Journal of Coastal Research, SI 64, Vol. I, pp. 303-307
> Moreira, S., Freitas, M.C., Andrade, C., Araújo, M.F. (2011) - A geochemical approach to the Sado saltmarshes (Portugal). Goldschmidt 2011 Conference Abstracts, Earth, Life and Fire, July 2011, Prague, Mineralogical Magazine, 75, p. 1499
> Burke, A.; Meignen, L.; Bisson, M.; Pimentel, N.; Henriques, V.; Andrade, C.; Freitas, M. C.; Kageyama, M.; Fletcher, W. & Parslow, C. (2011) - The Palaeolithic occupation of southern Alentejo: the Sado River Drainage Survey. Trabajos de Prehistoria, 68 (1), pp. 25-49, doi: 10.3989/tp.2011.11057
> Costa, P; Andrade, C.; Dawson, A.G.; Mahaney, W.C.; Freitas, M.C.; Paris, R. & Taborda, R. (2012) - Microtextural characteristics of quartz grains transported and deposited by tsunamis and storms. Sedimentary Geology, 275/276, pp. 55-69. Doi: 10.1016/j.sedgeo.2012.07.013
> Costa, P.; Andrade, C.; Freitas, M.C.; Oliveira, .A., Lopes, V.; Dawson, A.G.; Moreno, J. &  Jouanneau, J-M.  (2012) - A tsunami record in the sedimentary archive of the central Algarve coast, Portugal: characterizing sediment, reconstructing sources and inundation paths. The Holocene. 22 (8), pp. 899-914. Doi: 10.1177/0959683611434227
> Costa, P.J.M.; Andrade, C.; Mahaney, W.C.; Marques da Silva, F.; Freire, P.; Freitas, M.C.; Janardo, C.; Oliveira, M.A.; Silva, T. and Lopes, V.  (2013) - Aeolian microtextures in silica spheres induced in wind tunnel experiment: comparison with aeolian quartz. Geomorphology, 180/181, pp. 120-129.  doi: 10.1016/j.geomorph.2012.09.011
> Alday, M.; Cearreta, A.; Freitas. M.C. & Andrade, C. (2013) - Modern and late Holocene foraminiferal record of restricted environmental conditions in the Albufeira Lagoon, SW Portugal. Geologica Acta, 11 (1), pp. 75-84. 10.1344/105.000001754
> Fortunato, A.B.;  Nahon, A.; Dodet, G.; Pires,R.; Freitas, M.C.; Bruneau, N.; Azevedo, A.; Bertin, X.; Benevides, P.;  Andrade, C. & Oliveira, A. (2014) - Morphological evolution of an ephemeral tidal inlet from opening to closure: the Albufeira inlet, Portugal. Continental Shelf Research, 73, pp. 49-63.
  
NOTA 4 – A propósito da dicotomia falaciosa estabelecida pelo júri do concurso entre Geodinâmica Externa e Geodinâmica Interna para “fundamentar” a “expulsão” de Fernando Ornelas Marques do concurso, é oportuno recordar aqui o testemunho do professor da Universidade de Lausanne Yuri Podladchikov produzido em 2011 (ver aqui), que foi dado a conhecer ao Júri:
« […] I had the pleasure of doing fieldwork with Dr. Marques in SW Portugal and in the Western Gneiss Region in Norway. Fernando impressed me with his excellent abilities as a field geologist.
Dr. Marques' publication record is very impressive. It shows his ability to use many different approaches toward the understanding of observations. It shows that he uses the appropriate scientific approach: detailed observation, data analysis and modeling. He combines detailed field observations at all scales with analogue experiments, numerical modeling and laboratory experiments on real rocks. The publication record shows that he can use many diverse tools to retrieve the geodynamic evolution of large-scale regions: structural geology and tectonics, analogue and numerical modeling, experimental deformation of rocks, physics and mathematics, geomorphology, petrology, geochemistry, geochronology, geomagnetism, geodesy and geophysical sounding methods. The publication record shows his interest in many relevant fields of geosciences, from fundamental to applied, from small-to large-scale, from internal to external processes, from basic Plate Tectonics problems to regional geology problems.
In particular, Dr. Marques has the ability to relate Internal and External Geodynamics, as shown by his publications relating erosion, climate and topography (External Geodynamics) with mountain building (Internal Geodynamics), and by his research project on landslides (External Geodynamics) in volcanic islands (Internal Geodynamics). […]»



PS – Last but not least (adenda de 22.Jan.2016)
Muitos leitores deste blogue sabem que, na sequência de certas intervenções laudatórias em relação ao candidato a Presidente da República António Sampaio da Nóvoa (ver AQUI e AQUI), tenho recomendado uma Leitura Complementar ("Escândalo num concurso para Professor Catedrático de Geologia na Universidade de Lisboa, sendo reitor António Sampaio da Nóvoa").
Entretanto soube recentemente de mais um episódio que não posso deixar de referir:
No dia 15.Dez.2011, o candidato Fernando Ornelas Marques interpôs recurso da decisão do Júri para o reitor da Universidade de Lisboa António Sampaio da Nóvoa.
No dia seguinte, o reitor da UL enviou um email ao Director Executivo da Reitoria da UL remetendo-lhe o processo do candidato acompanhado do seguinte despacho:
Isto é para enviar para o júri do Concurso.
Obrigado.
António Nóvoa
Que resultado se poderia esperar deste despacho? Nenhum, evidentemente. De facto, “isto” equivale à seguinte situação:
Um injustiçado que foi condenado em 1.ª instância interpõe recurso na expectativa de nova avaliação dos factos em 2.ª instância, mas vê o processo regressar à 1.ª instância… onde obviamente volta a ser condenado!
Se isto não é conivência com a injustiça praticada, o que é?

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